quinta-feira, 17 de outubro de 2013

"Sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter"

Para não ser mal interpretado, aqui fica o aviso: comparar José Sócrates a François Miterrand é como comparar o Santos Costa ao Napoleão Bonaparte.
Dito isto, acrescento: mas têm coisas em comum.
A ver: Miterrand leu atentamente 'O Príncipe' , de Maquiavel, e tomou notas. Sócrates também.
François veio da direita extrema ou extrema-direita, como se quiser. José veio dessa "escolinha do crime" que dá pelo nome de JSD.
François serviu lealmente o regime de Vichy (que o condecorou) até 1942, do qual se afastou quando os ventos começaram a soprar noutra direcção. José assinou com a Alemanha a rendição ( PECs 1, 2, 3 e 4) e com a Troika a institucionalização do regime de Vichy sem tropas de ocupação.
Miterrand percebeu que o partido socialista era a melhor escada para a ascensão ao cume. Lá chegado, abandonou-o à sua sorte e em lastimável estado de conservação. Sócrates fez o mesmo. 
Miterrand foi um notável artista que representou todos os papéis que considerou importantes para conquistar e exercer o poder. Sócrates é um artista com coluna de plasticina adaptável a todas as circunstâncias e com o mesmo fim. Até vem agora 'flirtar' com a direita tão precisada de liderança.
François dizia-se amigo de Mário Soares. José também.
François foi um homem sem escrúpulos e amoral. José imita-o.
Miterrand morreu só, abandonado pela direita e pela esquerda. Sócrates vai ter idêntico fim. É que a História, tantas vezes feita pelo lado errado, gosta de apartar os grandes canalhas antes de lhes apontar o dedo acusador.